SETE VENTOS está lindo. Perfeito. Coube direitinho no espaço do teatro da Cia dos Atores, nem grande e nem pequeno. Esse  espaço nos possibilita o clima intimista que queríamos com o espetáculo. A equipe, muito dedicada e implicada com o projeto, acolheu com alegria os novos componentes e a equipe de criação está satisfeita com o resultado.
Fizemos algumas mudanças, poucas, mas pontuais. Obra de arte viva é assim: muda de acordo com aqueles que a criaram, muda com o tempo, caminha, sai andando sempre para frente.
A platéia é sempre uma surpresa, me instiga saber de onde alguns vieram. Foi no jornal? Foi filipeta? O que foi que os levaram ali? Alguns são amigos, que bom. Bom trabalhar enquanto os que nos amam observam.
Fazer teatro é como criar um filho que não vai parar de ir embora, é preparar-se o tempo todo para dizer adeus. Todo dia é despedida e aquela emoção não volta, aquele olhar não volta, aquele momento não volta. A técnica diz que todo dia é a mesma coisa , mas não é.
Me sinto grata a todos os que fizeram com que os caminhos de nossa equipe se cruzassem: a Deus, aos orixás, a Iansã,ao tempo, aos nossos antepassados que vieram da África cantando e dançando o nosso futuro. Ao ifá presente nos olhos de quem contemplava a liberdade.
Sim, nós podemos ser o que quisermos. Sim nós podemos difundir a nossa arte. Sim, nós podemos contar as nossas histórias e sentirmos orgulho em termos cada momento gravado em nosso corpo através do nosso DNA.
Estou feliz. Feliz em poder contar as nossas histórias, em dançar livremente o toque de Iansã, em usar vermelho. Estou feliz em ver negros e negras se arrumando para ir ao teatro, em vê-los sentados na fileira da frente,  em vê-los chorando de felicidade por se sentirem contemplados em sua verdade.